sábado, 26 de janeiro de 2019



O uso dos porquês

Existem  quatro  tipos de porquês na Língua Portuguesa, e cada um deles possui uma aplicação diferente de acordo com as regras gramaticais.

Por que
É a junção da preposição por com o pronome interrogativo que. Esta forma é utilizada em dois casos:
=> se, depois de seu emprego, houver um questionamento sobre a razão ou motivo de um determinado acontecimento;
=> se pudermos substituir pela expressão pelo (a) qual e variações. Exemplos:
A vitória por que lutei está próxima.
A vitória pela qual lutei está próxima.
Por que (motivo/razão) você não foi ao shopping?
Por qual (motivo/razão) você não foi ao shopping.

Observe que, em caso do questionamento sobre o motivo ou razão, estes ficam subentendidos na frase.




Por quê
O “por quê”, separado e com acento, é usado quando vem antes de um ponto, seja ele final, interrogativo ou de exclamação. Apesar de receber o acento, continua com o significado de “por qual motivo” e “por qual razão”.

Ex.: Vocês não foram à festa? Por quê?
Joana não estava se sentindo bem e eu não sei por quê.


Porque
Quando junto e sem acento, o “porque” é uma conjunção causal ou explicativa, e tem significado aproximado com “pois”, “uma vez que” ou “para que”. Confira os exemplos:

Ex.: Não fui à festa porque tenho que estudar para o exame de proficiência. – Nessa frase, o porque poderia ser substituído por “pois”.
Não vá adiar as suas tarefas porque prejudicará a si mesmo. – Neste caso, substituiríamos por “uma vez que”.


Porquê
O “porquê”, quando junto e acentuado, é um substantivo e possui o significado de “o motivo”, “a razão”. Vem sempre acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral. Para entender melhor, confira os exemplos abaixo:

Ex.: Todos sabem o porquê do seu choro. – Neste caso, o “porquê” vem como “motivo”.
Diga-me um porquê para não tentar resolver essa situação difícil. – Já neste caso, você poderia substituir por “uma razão”.


Tabela de macete

Para facilitar, confira a tabela. Esta pode ser impressa ou copiada para um caderno para facilitar a consulta e o aprendizado:

Forma
Quando usar
Exemplo
Por  que
Sempre que houver perguntas ou quando as palavras “razão” e “motivo” estiverem presentes, mesmo que não explícitas.
Por que você não aceitou o convite?
Ela contou por que estava magoada.
Por  quê
Em finais de frases.

Porque
Quando corresponder a uma explicação ou causa.
Comprei este sapato 
porque é mais barato.
Porquê

Quando é substantivado e substitui “motivo” ou “razão”

Não sabemos o porquê de ela ter agido assim. É uma menina cheia de porquês.




Exercícios

1- Assinale a frase em que o uso de “por que” está errado.

a) Você sabe por que ela foi embora?
b) Por que você quer saber isso?
c) Essa decisão foi tomada por que?
d) Alguém sabe por que estamos aqui?

2- Indique em qual frase o uso de “porque” está correto.
a) Porque você está gritando comigo?
b) Vou embora porque estou muito cansada.
c) Alguém que me diga o porque de tanta confusão!
d) A Helena sabe porque foi chamada à direção?

3- Assinale a opção que completa as lacunas de forma correta.
Eu não fui à reunião __________ estava cansada e não entendo __________ isso está sendo criticado por todos. __________ falam todos sobre isso? __________?

a) porque, por quê, porquê, por quê.
b) por que, porquê, por que, porquê.
c) porque, por que, por que, por quê.

d) porquê, por que, por que, por quê.

4- Nas frases seguintes, substitua as palavras destacadas por: porque, por que, por quê ou porquê.

a) Ela chegou atrasada pois apanhou um engarrafamento enorme.
b) A diretora disse aquilo por qual motivo?
c) Por qual razão existe tanta rivalidade entre vocês?
d) Qual o motivo de tanto barulho?
e) Essa foi a razão pela qual saímos do Brasil.

5- Complete a frase de forma correta.
Está na hora de sabermos _____________ você foi embora sem dar explicações.

a) por quê
b) por que
c) porque
d) porquê

6- Assinale as opções que estão erradas.

a) As dificuldades por que passei para te fazer feliz.
b) Nunca entendi o porquê de tanta discórdia.
c) Porque você quer a minha ajuda?
d) Ele vive perguntado por quê você não fala com ele.
e) O evento foi cancelado porque estava chovendo muito.

7- Identifique a frase escrita de forma correta.

a) Por que você está aqui?
b) Porque você está aqui?
c) Por quê você está aqui?
d) Porquê você está aqui?

8- Complete as frases com: porque, porquê, por que e por quê.
a) __________ motivo você não atendeu seu celular?
b) As obras foram realizadas __________ houve reclamações dos moradores.
c) Qual o __________ dessa sua atitude?
d) Apenas perguntei __________ ela estava chateada.
e) __________ ia embriagado, o condutor foi multado pelo policial.
f) Ontem houve greve de professores. Você sabe __________?
g) As escolas __________ passei estavam com sobrelotação de alunos.
h) Apenas fiz isso __________ eu quis.
i) Ninguém compreendeu o __________ do cancelamento do jantar.

9- Assinale a frase em que o uso de “por quê” está errado.

a) Você quer saber isso por quê?
b) Por quê você quer saber isso?
c) Você quer saber isso? Por quê?

d) Por que você está triste?

10- Preencha os espaços do texto com um dos usos dos porquês, prestando atenção no sentido que está em cada ocorrência:

Os porquês do porquinho
Clóvis Sanches

Aconteceu na Grécia!
Era uma vez um jovem porquinho, belo e bom, muito pequenino, cuja vida foi dedicada à procura dos _____________da floresta. Tal porquinho, incansável em sua busca, passava o dia percorrendo matas, cavernas e savanas perguntando aos bichos e aos insetos que encontrava pelo caminho todos os tipos de ___________que lhes viessem à cabeça.
          - _____________você tem listras pretas se os cavalos não as têm ? - perguntava gentilmente o porquinho às zebras.
        - Pernas compridas__________, se outros pássaros não as têm? - indagava às siriemas, de forma perspicaz.
        - _________isso? __________aquilo?
        Era um festival de___________, dia após dia, ano após ano, sem que ele encontrasse respostas adequadas aos seus questionamentos de porquinho.
Por exemplo, sempre que se deparava com uma abelha trabalhando arduamente, ele perguntava__________. E a pergunta era sempre a mesma:
      - Saberias, por acaso, _________fazes o mel, oh querida abelhinha?
E a abelha, com seus conhecimentos de abelha, sempre respondia assim ao____________:
       - Fabrico o mel ____________tenho que alimentar a colmeia.
Mas a resposta das abelhas não o satisfazia, __________eram os ursos os maiores beneficiados com aquela atividade.
         - Alguma coisa deve estar muito errada, _________eram os ursões que ficavam com quase todo o mel, sem ter produzido um pingo.- pensava o porquinho.
         Então, valente como os porquinhos de sua época, seguia pela floresta à procura de ursões, fortes e poderosos, ansioso ___________eles soubessem a resposta. Quando encontrava um, perguntava:
- Senhor, grande e esperto ursão, poderias me dizer a razão e solucionar o ____________da questão?
        E alguns ursos, mais exibidos, até tentavam responder, ____________de mel eles entendiam muito, mas sobre trabalho... as respostas eram sempre do senso comum de ursão e não resolviam a questão.
         - Elas fabricam o mel _____________ele é muito gostoso. - diziam uns.
          - Elas o fabricam ____________o mel é delicioso. - diziam outros.
Havia aqueles que se limitavam a olhar feio e, ainda, aqueles que até ameaçavam o pobre porquinho e iam embora, sem dizer__________. Apesar disso, o porquinho seguia em frente.
         Um dia - _____________toda história têm um dia especial - o porquinho encontrou um oráculo em seu caminho e resolveu elaborar o seu mais profundo___________. Afinal, oráculo é para essas coisas. Então, ele perguntou com sua voz fininha, mas de modo firme e sonoro
- ____________existo?
Houve um profundo silêncio na floresta e o porquinho pensou que aquele ___________nunca seria respondido, afinal.
Mas de repente, o oráculo falou, estrondosamente, ___________ era oráculo.
         - Procure o Sr. Leão, rei da floresta, e pergunte a ele ___________você existe. Só ele lhe dará uma resposta adequada.
         Então, feliz, animado e saltitante, lá se foi o porquinho à casa do grande e sábio rei da floresta, carregando o seu também grande e sábio______________.
        Ao chegar à casa do leão, o porquinho bateu à porta e, quando foi atendido por sua realeza, tratou logo de lascar o seu ____________mais precioso:
        - Sr. Leão, rei dos reis, sábio dos sábios, poderia Vossa Alteza me dizer ____________existo?
          E o leão, ________ era leão, respondeu mais que depressa.
Nhac.
____________ é o da história!

                Fim

                                             (adaptado do texto apresentado no site da  revista Nova Escola)



Gabarito

1- c)
2- b)
3- c)
4- a) porque
    b) por quê
    c) por que
    d) porquê
     e) por que

5- b)
6- c)  d)
7- a)
8 - :

a) por que
b) porque
c) porquê
d) por que
e) porque
f) por quê
g) por que
h) porque
i) porquê

9- b)
10 - Resolução  abaixo.

Os porquês do porquinho

Aconteceu na Grécia!

Era uma vez um jovem porquinho, belo e bom, muito pequenino, cuja vida foi dedicada à procura dos porquês da floresta. Tal porquinho, incansável em sua busca, passava o dia percorrendo matas, cavernas e savanas perguntando aos bichos e aos insetos que encontrava pelo caminho todos os tipos de porquês que lhes viessem à cabeça.
- Por que você tem listras pretas se os cavalos não as têm ? - perguntava gentilmente o porquinho às zebras.
- Pernas compridas por quê, se outros pássaros não as têm? - indagava às siriemas, de forma perspicaz.
- Por que isso? Por que aquilo?
Era um festival de porquês, dia após dia, ano após ano, sem que ele encontrasse respostas adequadas aos seus questionamentos de porquinho.
Por exemplo, sempre que se deparava com uma abelha trabalhando arduamente, ele perguntava por quê. E a pergunta era sempre a mesma:
- Saberias, por acaso, por que fazes o mel, oh querida abelhinha?
E a abelha, com seus conhecimentos de abelha, sempre respondia assim ao porquê:
- Fabrico o mel porque tenho que alimentar a colméia.
Mas a resposta das abelhas não o satisfazia, porque eram os ursos os maiores beneficiados com aquela atividade.
- Alguma coisa deve estar muito errada, porque eram os ursões que ficavam com quase todo o mel, sem ter produzido um pingo.- pensava o porquinho.
Então, valente como os porquinhos de sua época, seguia pela floresta à procura de ursões, fortes e poderosos, ansioso por que eles soubessem a resposta. Quando encontrava um, perguntava:
- Senhor, grande e esperto ursão, poderias me dizer a razão e solucionar o porquê da questão?
E alguns ursos, mais exibidos, até tentavam responder, porque de mel eles entendiam muito, mas sobre trabalho... as respostas eram sempre do senso comum de ursão e não resolviam a questão.
- Elas fabricam o mel porque ele é muito gostoso. - diziam uns.
- Elas o fabricam porque o mel é delicioso. - diziam outros.
Havia aqueles que se limitavam a olhar feio e, ainda, aqueles que até ameaçavam o pobre porquinho e iam embora, sem dizer por quê. Apesar disso, o porquinho seguia em frente.
Um dia - porque toda história têm um dia especial - o porquinho encontrou um oráculo em seu caminho e resolveu elaborar o seu mais profundo porquê. Afinal, oráculo é para essas coisas. Então, ele perguntou com sua voz fininha, mas de modo firme e sonoro
- Por que existo?
Houve um profundo silêncio na floresta e o porquinho pensou que aquele porquê nunca seria respondido, afinal.
Mas de repente, o oráculo falou, estrondosamente, porque era oráculo.
- Procure o Sr. Leão, rei da floresta, e pergunte a ele por que você existe. Só ele lhe dará uma resposta adequada.
Então, feliz, animado e saltitante, lá se foi o porquinho à casa do grande e sábio rei da floresta, carregando o seu também grande e sábio porquê.
Ao chegar à casa do leão, o porquinho bateu à porta e, quando foi atendido por sua realeza, tratou logo de lascar o seu porquê mais precioso:
- Sr. Leão, rei dos reis, sábio dos sábios, poderia Vossa Alteza me dizer por que existo?
E o leão, porque era leão, respondeu mais que depressa.
- Nhac. 
Porque é o da história!

                     Fim 

Nenhum comentário:

Postar um comentário