sábado, 27 de julho de 2019



Interpretação de Texto


Esopo

 Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar a sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente
— Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está á venda no mercado.
— Como? - perguntou o amo, surpreso – Tens certeza do que estás falando? Como podes afirmar tal coisa?
— Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos, voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para se explicar.
— Meu amo, não vos enganei - retrucou Esopo — A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?
— Boa, meu caro -  retrucou o amo – Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?
— É perfeitamente possível, senhor. E com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda Terra.
Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote, semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, o amo encontrou novamente pedaços de língua. Desapontado, interrogou o escravo e obteve dele surpreendente resposta:
— Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores, se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? – indagou Esopo.
Impressionado com a inteligência invulgar do serviçal, o senhor calou-se, comovido, e, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.
Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da Antiguidade, cujas histórias até hoje se espalham por todo o mundo.

(Autor desconhecido)





01 – Este texto é um exemplo do gênero textual:

(A) crônica.
(B) carta pessoal.
(C) reportagem.
(D) resenha.

02 - Que tipo de narrador o texto “Esopo” apresenta?

(A) narrador personagem.
(B) narrador observador.
(C) narrador onisciente.
(D) narrador testemunha.

03 - Essa narrativa tem como protagonistas:

(A ) o amo e o patrão.
(B ) o chefe militar e o escravo.
( C) o companheiro e o patrão.
( D) o servo e o escravo.

04 -  A passagem “indagou Esopo” pode ser escrita, mantendo-se o mesmo sentido, como:

( A) respondeu Esopo.
( B) percebeu Esopo.
(C ) perguntou Esopo.
(D ) assegurou Esopo.

05 - Segundo o texto, a língua tanto serve para as virtudes quanto para os vícios do mundo. Como exemplo de virtude e vício, respectivamente, podem-se citar:

(A ) ensinamentos filosóficos e conceitos religiosos.
( B) discussões infrutíferas e obras literárias.
( C) rede de intrigas e desentendimentos.
(D) ensinamento das verdades santas e criação de anedotas vulgares.


06 – Releia: “Acaso podeis refutar o que digo?” Indique o sinônimo da palavra destacada.

( A) Aceitar.
( B) Afirmar.
(C ) Conceder.
(D ) Contestar.

07 - Em “impressionado com a inteligência invulgar do serviçal…”, o adjetivo destacado significa:

(A) rara.
(B) medíocre.
(C) impopular.
(D) respeitosa.

08 - “Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?” Essa  expressão  tem o sentido de:

(A) finalidade.
(B) condição.
(C) causa.
(D) consequência.

09 -  De acordo com o texto, quando a língua é mal utilizada, intrigas e violências verbais podem ser:

(A) confrontadas.
(B) armadas.
(C) superadas.
(D) rejeitadas.

10 -  Em “por ela mesma ensinadas…”, a palavra destacada está no feminino plural em concordância com:

(A) “violências”
(B) “anedotas”
(C) “verdades”
(D) “discussões”

11 -  Em “Ao abri-lo”, o pronome foi usado para substituir a seguinte palavra:

(A) pacote.
(B) amo.
(C) primeiro.
(D) Esopo.

12 -  O sentido de negação, em determinadas palavras, é dado por prefixos, como em:

(A) “impressionado” e “intrigas”.
(B) “infrutíferas” e “desentendimentos”.
(C) “desapontado” e “inteligência”.
(D) “interrogou” e “ensinadas”.

13 - Nessa história, a libertação do escravo se deve ao fato de Esopo:

(A ) fazer boas compras.
(B) ser educado.
(C) falar muito bem.
(D) ter grande sabedoria.

14 -  Que mensagem para a vida você extraiu com a leitura do texto?

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Gabarito
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
A
B
B
C
D
D
A
C
B
C
A
B
D
Resposta pessoal











Lembrando



Tipos de narrador

Narrador em primeira pessoa
Narrador personagem: além de contar a história em primeira pessoa, faz parte dela, sendo por isso chamado de personagem. 
Narrador testemunha: é uma das personagens que vivem a história contada, mas não é a personagem principal. Também registra os acontecimentos sob uma ótica individual, mas como é personagem secundário da trama não há uma sobrecarga de emoções na narração.

Narrador em terceira pessoa
Narrador onisciente: É  aquele que sabe de tudo. Há vários tipos de narrador onisciente, mas podemos dizer que são chamados assim porque conhecem todos os aspectos da história e de seus personagens. 
=> Narrador onisciente neutro: Relata os fatos e descreve as personagens, mas não influencia o leitor com observações ou opiniões a respeito das personagens. Fala somente dos fatos indispensáveis para a boa compreensão da narrativa.
=> Narrador onisciente seletivo: Narra os fatos sempre com a preocupação de relatar opiniões, pensamentos e impressões de uma ou mais personagens, influenciando assim o leitor a se posicionar a favor ou contra eles.
Narrador observador: É o que presencia a história, mas ao contrário do onisciente não tem a visão de tudo, mas apenas de um ângulo. Comporta-se como uma testemunha dos fatos relatados, mas não faz parte de nenhum deles, e a sua única atitude é a de reproduzir as ações que enxerga a partir do seu ângulo de visão. Não participa das ações nem tem conhecimento a respeito da vida, pensamentos, sentimentos ou personalidade das personagens.


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