quinta-feira, 22 de novembro de 2018



O homem que não sabia ler

Um menino andando na rua encontrou um homem sentado na calçada.
O menino voltava da escola. O homem descansava depois de um dia duro de trabalho.
–– Moço, que horas são? –– perguntou o menino.
O homem disse que não tinha relógio e, para falar a verdade, nem sabia ver as horas. O menino não entendeu. O homem explicou:
–– Não sei para que servem aquele ponteirão e aquele ponteirinho. Eles giram, giram, giram, mas não consigo entender direito como a coisa funciona.
–– Mas é tão fácil! - espantou-se o menino. –– O ponteirinho marca as horas e o ponteirão marca os minutos. Por exemplo: se o ponteirinho está no dez e o ponteirão está no cinco, isso quer dizer que são dez horas e vinte e cinco minutos.
O sujeito balançou os ombros.
–– Mas qual é o dez e qual é o cinco? Sempre me atrapalho com os números.
O homem tinha idade para ser pai do menino.
–– O senhor não conhece os números?
–– Nem os números nem as letras.
–– O senhor não sabe ler?
–– Nem ler nem escrever.
O menino espiou aquela pessoa sentada na calçada. 
–– Às vezes na rua –– contou o homem –– fico olhando as letras dos cartazes e perguntando o que será que elas dizem. Outras vezes, na banca, fico admirando as revistas e os jornais. Queria tanto poder ler as notícias, entender o que se passa no mundo, compreender as placas de rua, entender o que está escrito nas embalagens e bulas de remédio, ler os letreiros dos ônibus e saber para onde eles vão...
O homem suspirou.
–– Às vezes sinto vergonha! - confessou ele. - Tenho que ficar perguntando tudo para todo mundo. Parece que estou sempre por fora. Queria tanto poder sentar debaixo de uma árvore, abrir um livro e ler uma história!
Um sujeito de capa passou apressado lendo jornal. No banco da praça, uma moça lia uma revistinha. Um rapaz estacionou a motocicleta e puxou um guia da mochila para saber onde ficava alguma rua.
–– Não sou daqui. - explicou o homem - Minha cidade fica longe, depois da serra, pegando a rodovia, passando a outra serra e depois a outra, perto do mar. De ônibus dá mais ou menos três dias de viagem.
E seus olhos brilharam tristes.
–– Agorinha mesmo estava lembrando de casa, da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos, do povo de lá...
O menino procurou um lugar para sentar.
–– E você? - quis saber o homem, examinando o garoto.
–Sabe escrever?
O menino estufou o peito:
–– Já sou quase da terceira série!
O outro sorriu:
–– Tenho uma noiva lá na minha terra. É que nem uma princesa. A coisa mais linda desse mundo. Um dia a gente vai casar... 
O homem teve uma ideia. Pediu:
–– Escreve uma carta para mim?
Dizendo sim com a cabeça, o menino tirou um caderno e uma caneta esferográfica do fundo da mochila.
O homem endireitou o corpo. Pensou um pouco. O vento soprava morno. O homem contou que a cidade grande era cheia de fumaceira e carro buzinando. Contou que sentia-se sozinho. Contou que, às vezes, dava medo, que trabalhava muito, que ganhava pouco, que a vida na cidade era difícil e cara demais. Perguntou como iam o pai, a mãe e os irmãos. Perguntou da chuva. Perguntou se a vaca Lindóia já tinha dado cria. Perguntou se Jandira estava bem.
O menino escrevia e escrevia.
O homem continuou. Contou que alugara um quarto numa pensão, que morava com mais três e que pegava duas conduções para chegar ao serviço. Prometeu que ia dar um jeito de conseguir juntar um dinheirinho. Terminou mandando dizer que estava morrendo de saudade e que, no fim do ano, se Deus ajudasse, pegava o ônibus e voltava para casa.
O menino escreveu tudo com letra caprichada, dobrou o papel e entregou ao homem.
A noite já tinha caído. O menino precisava ir embora.
Uma luz surgiu no céu sem ninguém perceber.
O homem apertou a mão do menino.


Ricardo Azevedo. Papagaio come milho periquito leva a  fama!. Moderna, 2008.


1)  Que mensagem você acha que o autor quis passar por meio deste texto:

(  ) A dificuldade em aprender a ver horas no relógio de ponteiros.
(  ) Ver as horas, aguardar ônibus, ler placas e os letreiros são atitudes bastante simples para o homem do texto.
(  ) A importância de saber ler e escrever.
(  ) Não é importante saber ler e escrever.

2) O texto “ O homem que não sabia ler” é:

(  ) Uma reportagem.
(  ) Um conto.
(  ) Uma piada.
(  ) Uma notícia.

3) Uma história ocorre em um ou mais lugares. Onde se passa a historia que você leu?

(  ) Na porta de uma escola.
(  ) Na rua em uma calçada.
(  ) Na casa do homem.
(  ) Na casa do menino.

4) Na vida real, existem pessoas como a personagem do texto?.

( ) Não. Todas as pessoas mais velhas sabem ler e escrever
(  ) Sim. Existem pessoas ainda que são analfabetas.
(  )   Não. A história não é real, porque todas as pessoas na idade daquele homem frequentam escola e sabem ler e escrever.
(  ) Nenhuma das alternativas.

5) O homem tinha muitas vontades e desejos, mas suspirava só em pensar ... Qual era o seu desejo?

(  ) Reconhecer os números.
(  ) Saber ver as horas.
(  ) Aprender a ler e a escrever.
(  ) Rever a família.

6) Que horas são quando o ponteirinho está no dez e o ponteirão está no cinco?

(  ) 10 horas e 5 minutos.
(  ) 10 horas e 15 minutos.
(  ) 10 horas e 25 minutos.
(  ) 10 horas e 50 minutos.

7) Por que você acha que o menino estufou o peito para dizer que já era quase da 3ª série?

(  ) porque estava se sentido melhor do que aquele homem.
(  ) porque quis mostrar ao homem que é na infância que se aprende a ler e a escrever.
(  ) porque tinha orgulho de saber ler e escrever.
(  ) Nenhuma das alternativas.

8)  Em sua opinião, quem é o autor da carta: o homem ou o menino?

(  ) O homem. Pois mesmo não sabendo escrever, foi ele quem falou todo o assunto da carta, deu as ideias para o menino escrever
(  ) O menino. Pois ele escreveu a carta, passando para o papel as ideias do homem.
(  ) O homem e o menino.
(  ) Nenhuma das alternativas.


9) Que atitudes levam uma pessoa  a ser analfabeta?

(  ) Não frequentar a escola.
(  ) Trabalhar quando ainda é criança.
(  ) Só trabalhar na idade certa.
(  ) Sair da escola sem concluir os estudos.

10)  O que o autor quis dizer nas expressões abaixo:

a)  “O vento soprava morno ”

(  ) O ar estava abafado.
(  ) O ar estava fresco.
(  ) O vento soprava forte.

b)  “... que estava morto de saudade.”

(  ) Estava doente e morreu.
(  ) A saudade era muito grande.
(  ) Não sentia saudade de ninguém.

11)  A finalidade deste texto é:

(  ) Convencer o leitor de um fato.
(  ) Contar um fato.
(  ) Explicar um fato.
(  ) Fazer reflexão de um fato.

12) No trecho  o que será que elas dizem”... O trecho se refere a:

(  ) As pessoas que conversam.
(  ) As letras dos cartazes.
(  ) As pessoas na rua.
(  ) As horas no relógio.

13)  No trecho “Queria tanto ir para baixo de uma árvore”... Esse trecho dá a ideia de:

(  ) Lugar.       (  ) Tempo.       (  ) Explicação.            (  ) Desejo.

14)  Quem conta este historia?

(  ) O menino.
(  ) O homem.
(  ) O homem e o garoto.
(  ) O autor Ricardo Azevedo.

15) Em sua opinião, é importante saber ler e  escrever? Explique sua ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


16) Releia o texto “ O homem que não sabia ler”. Em seguida faça a ilustração da parte que mais gostou.

















Nenhum comentário:

Postar um comentário